A Espada! (art. Realismo e Guerra Assimétrica)

A Espada!

            Operações Especiais, espionagem, terrorismo, mercenarismo, nunca foram tabus dentro de instituições. Durante a Guerra Fria a OTAN em conjunto com a CIA comandou uma operação secreta que se chamou Operatio Gladio (Operação Espada), que mantinha uma rede por detrás das forças armadas da Itália, buscando informações do envolvimento de seus chefes de estado com o comunismo, tal qual o avanço da URSS ao ocidente. O cenário de operações era atuar na Europa e a estratégia era criar tensão impedindo uma ascensão da esquerda ao poder.            Assim após a queda do Muro de Berlim o mundo foi dividido em esferas, hostis entre si, vindas de um passado onde qualquer meio fora necessário para que fossem controladas. Dentre estes exemplos as ações da URSS diante da Hungria de da Checoslováquia. Porém não há dúvidas quanto a forma que o ocidente manteve seu poder diante da ameaça do oriente. Documentos revelados da Itália, Bélgica e Suíça mostram os meios não foram sempre pertinentes.
            Como aliados em diversos países que queriam deixar de ser colônias, desde os anos 1960 havia tentativas de golpe, que eram contidas e implantadas ditaduras pela Europa e suas respectivas colônias, como foi o caso da Turquia e da Argélia. Organizações secretas formavam uma rede conhecida como “stay-behind”, configuradas pela OTAN, servia para lutar contra a URSS caso o país fosse invadido, atuando de forma subterrânea. Estendendo-se pela Europa, na Suíça uma mesma rede se chamava P26, uma organização que não estava envolvida diretamente com a OTAN, mas tinha ligações com o MI6.
            A Itália aprovou em 1958 uma nota que oficializava o apoio de sua força armada, e chamada de “stay behind”, o exército italiano operava nos bastidores do cenário político, criando tensão e atacando preventivamente os comunistas que vinham crescendo na Itália. Essa operação vinha desde o final da Segunda Guerra Mundial com apoio de ex membros da polícia fascista e nazista em apoio a derrubar o regime comunista na Europa.[1]
            Este exército na Itália se configura com o nome de Gládio, controlado pelo Serviço Secreto Militar (SISMI), atuou estreitamente com a CIA, estando também ligado com a máfia, os fascistas e a igreja católica. Os Gládios tinham como objetivo de impedir a qualquer preço a participação o governo dos comunistas no País. Desta forma evitando que os governantes simpatizantes ao regime comunista evitassem passar informação a URSS. Seu modus operandi era de impor medo a população, e se utilizando de pistas falsas e trabalho de inteligência e desinformação para culpar os opositores.
            Independente da forma que é dada a operação, o poder do Estado sobre sua Nação é dada através de uma força e poder de coerção, visto que a nação tem limites impostos pelo Estado, que por sua vez trabalha se mantendo soberano. Assim Maquiavel e Hobbes são mais contemporâneos do que diversos autores que tentam quebrar suas teorias, já que pelas próprias palavras de Maquiavel em O Príncipe, qualquer ato pode ser justificado pelo bem estar, promover a prosperidade e estabilidade de seu domínio. No caso da Operatio Gladio, a Itália reconhece que havia ligações com a CIA durante o período da Guerra Fria também reconhece que seu exército secreto atuou na luta contra os comunistas.
            Na Ordem da Europa uma forma de combater o inimigo é trabalhar de forma subterrânea, com codinomes exóticos, estratagemas militares e intrigas políticas. Soldados de infantaria, mercenários, espionagem, guerrilha, faziam parte de uma estratégia. Atuar com um objetivo: combater um inimigo que a maioria dos europeus acreditam que não existe mais.


            A questão que este cenário criado pode ser na pior das hipóteses a chave para o terrorismo sem solução de algumas décadas, de forma legítima. Atuar na capital gerando assim teorias de conspiração que alimenta a política. [2]
            Na França, Alemanha, Noruega e Bélgica estes exércitos atuaram com ataques terroristas. Nestes países havia influência de ex-oficiais da SS. Os “stay behind” atuaram num golpe de estado na Grécia e na Turquia atuaram como contraguerrilha, atuando contra os curdos. Na Suíça ainda tinha mais uma intenção além de só combater a URSS e os aliados do Pacto de Varsóvia, havendo ainda um mandato para se tornar ativo caso a esquerda conseguisse maioria no parlamento.[3]






            No mesmo cenário na América do Sul a chamada Operação Condor contou com a presença da inteligência dos EUA atuando junto aos governos dos países para conter os comunistas que buscavam tomar o poder. Desde 1945 já era avisado na América do Sul o avanço comunista, desde então houve uma série de acordos bilaterais entre os países, fornecimento de armas e financiamento dos EUA para os países, além do destacamento de conselheiros militares para as forças armadas latino-americanas e formação de oficiais latino-americanos nas escolas militares dos Estados Unidos.
            Essa grande mudança na forma de atuação se deu por conta da tomada do poder em Cuba por Fidel Castro, passado de um acordo ou negócios para uma ação de inteligência e guerra. Com essa política obsessiva dos oficiais, foi gerada uma rede de inteligência ultra-secretas entre os países da América do Sul.
            Com base neste modus operandi, a Argentina vivia uma transição, em 1976, quando Juan Domingo Perón aumentou a política de forças na Argentina e autorizou a formação da “Triple A” (Aliança Anticomunista Argentina). Sendo assim acusado de estar implantando uma ditadura no modelo Brasileiro, que já vinha desde 1964, sob governo dos militares trabalhando contra a expansão do comunismo no Estado.
            O general comandante chefe do exército brasileiro, General Breno Borges Fortes, concordava que a luta contra o comunismo era questão exclusivamente das forças armadas dos países, e que apenas o intercâmbio de informações era válido quanto a intervenção de outros países, o que fortaleceu este mesmo intercâmbio. A inteligência dos países, formações em escolas militares estrangeiras se intensificou.
            Esta operação gerou aproximação dos governos da América do Sul e da Itália, em que havia a Guerra Secreta com os mesmos propósitos, fortalecendo um laço e criando uma rede antiterrorista, cujos comandos europeus trabalharam na América do Sul junto aos exércitos e grupos de inteligência. Os comandos italianos trabalharam junto a Pinochet para combater terroristas no Chile.
            A Operação Condor teve seu fim após a queda do comunismo, e com a frente dos comandos contra os sandinistas na Nicarágua, com o excesso de guerrilha que ocorreu no país, esta operação foi se dissolvendo junto com o fim dos governos militares na América latina.[4]






Estratagemas de contraguerrilha (pt.1)

            Uma força irregular representa um alvo alusivo, desde que não se disperse antes de oposição superior e se reagrupe para atacar novamente. A cada ataque deve ser desestruturada, a cada ameaça deve ser desestruturada. Elementos de guerrilha são predominantes com paridade a uma unidade regular de organização, equipamento, treinamento e liderança, suas capacidades e táticas se tornam similares à de forças regulares.
(...)
            O escopo e natureza das missões e decisões de comando deverão ser enfatizados em aspectos políticos. Operações contra forças irregulares são sensíveis a mudanças políticas, durante a Guerra Fria era constante, pois o cenário vivia em crise e metamorfose constante, sendo exploradas por propaganda hostil.
(...)
(...)
            Ações civis são quaisquer ações militares utilizando capacidade humana e material, militares, e seus recursos em cooperação com autoridade civil, agências, grupos, que são designados para assegurar aperfeiçoamento econômico e social para a comunidade civil. Essas ações incluem programas que são designados para empregar o máximo número de civis até que a economia esteja estabilizada, devendo suas energias serem empregadas em construção de canais e meios para a campanha.











[1] MARSHAW. http://www.globalresearch.ca/operation-gladio-cia-network-of-stay-behind-secret-armies/9556
[2] HABERMAN, C. Evolution in Europe. http://www.nytimes.com/1990/11/16/world/evolution-in-europe-italy-discloses-its-web-of-cold-war-guerrillas.html
[3] Würsten, F. The Dark Side of the West. http://archiv.ethlife.ethz.ch/e/articles/sciencelife/NatoGeheimarmee.html#oben
[4] ABRAMOVICI. http://www.globalresearch.ca/operation-condor-latin-america-the-30-years-dirty-war/5326022

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