... and again! (parte 2 - Security Dilema?)

A competência e capacidade de alguns chamados mercenários corporativos sempre retoma a questão já levantada sobre qual é o limite de fato da guerra. Em um ambiente totalmente irregular em que não se sabe quem é quem, desde as grandes guerras do século XX, o contrato de atores que resolveriam os problemas criados pelos estadistas é algo constante e acaba sendo fundamental, já que o Estado não pode ir de fato até onde ele gostaria, e nem sabe-se a capacidade que este teria de ir. A destruição total está fora de questão, então agir dentre um cenário permitido requer alguma sabedoria e capacidade técnica, operacional, estratégica, tática. De todos os chamados mercenários corporativos o mais significante é sem dúvidas Eeben Barlow, veterano de forças especiais da África do Sul, além de grande administrador, tendo ele criado o que hoje em dia se conhece como PMC, tem capacidade tático-operacional para atuar em campo, fazendo com que a excelência nas operações da Executive Outcomes e atualmente a STTEP sejam todas sucedidas.

Next Lift Out
Specialized Tasks, Training, Equipment and Protection
Field Training
STTEP International

Esta é a primeira parte do texto, baseado em como a África foi dividida e quais os grandes interessados em financiar esta divisão, sendo o Boko Haram assim um braço armado para esta força motriz que desestabiliza o continente.
Sobre seus ensinamentos, gostaria de transmitir como a STTEP tem um planejamento traçado para combate a terroristas, e condição de por o 'Boko Haram no lugar correto'. Assim dentro das palavras do próprio Barlow em relação aos problemas do continente africano:
"I belive that only Africans (black or white) can truly solve African's problems".
Bem pensado vendo a merda que os europeus e norte americanos fizeram no continente durante alguns séculos. Informações tiradas do Blog de Eeben Barlow!

Jack Murphy em seu artigo narra sobre ter conhecido Eeben Barlow e as instalações da STTEP, e quais lições obteve ao ver o treinamento da Nigerian Strike Force pela empresa.
Divido o texto em quatro partes, de acordo com o artigo completo.
O Boko Haram usa a religião para manter eu seguidores e usam o assassinato, sequestro, terror para forçar a cooperação local, isso tudo impulsionado pela pobreza. Esta alimentação de terror gerada por atentados terroristas, genocídio e estupros e a destruição da infraestrutura local.

I

A ideia então é uma PMC e a força de retaliação da Nigéria derrotarem o grupo terrorista. A partir do surgimento de alguns relatórios que empreiteiros militares Sul-Africanos estariam no território para aferir ataques sobre a organização terrorista gerou iniciativa por parte do Boko Haram. O presidente da STTEP comentou então que além de ataques, gerou muita cacofonia, analistas políticos criticando a utilização de empreiteira e mídia criticando. As principais atribuições são "mercenários do apartheid", racistas, e anti-islâmicos.
Com a força de retaliação nigeriana sendo treinada pela STTEP, membros da antiga e bem sucedida Executive Outcomes, o Boko Haram pareceu ter tremido e encontrado um inimigo capaz de fazer frente. Segundo Barlow, Boko Haram tentou envolver força mas sofreu consequências", segundo ele "não era incomum para a Strike Force ser bem recebida pelos antigos moradores das áreas que o inimigo havia sido expulso."

É comum que haja uma sociedade dividida, africanos acreditando que mercenários racistas estavam lá novamente para dividir suas terras, a população por outro lado se mostra hostil muitas vezes, e a mídia é muito eficaz em transformar situações.
Apesar de tudo, Barlow já havia passado por esta situação. Fundador da Exective Outcomes, esta companhia militar privada contabilizou sucessos em Angola e Serra Leoa, contra as forças anti-governamentais na década de 90, gerando desgosto da ONU. Com o fechamento da Executive Outcomes e a incapacidade da ONU comprovar a ineficiência para resolver os problemas africanos, as nações ficaram sem uma frente capaz de combater a Frente Unida Revolucionária de Serra Leoa, ou mesmo o Boko Haram, recentemente.

II

Recentemente os empreiteiros sul-africanos têm treinado uma força nigeriana e acabam por integrá-los em sua unidade durante combates contra o Boko Haram.

A STTEP se mostrou (assim como a EO) capaz de dar esta assistência e foi subcontratada pelo governo nigeriano. É um arranjo repleto de dificuldades, como desentendimentos, ego, os contratantes iniciais, país anfitrião, país contratante, subcontratantes. É neste ponto que o meio corporativo acaba entrando na jogada. Porém com o profissionalismo da STTEP, os sucessos no campo de batalha falam por si.

Barlow deixa claro que o relacionamento da STTEP com o governo e com as forças armadas é bom, e que por serem todos africanos todos acabam reconhecendo o valor do trabalho em níveis estratégico, operacional e tático.

Em 2014 a STTEP foi contratada, e a missão era formar uma força de ataque móvel para resgatar as meninas da escola Chibok, que foram sequestradas, caso famoso de mais de 250 estudantes que foram sequestradas.  Esta força de ataque móvel teria apoio aéreo próprio, inteligência, comunicação, logística e outros elementos de apoio de combate que são relevantes. Apesar de não nomear, uma investigação jornalística aberta sugeriu que é a Strike Force 72.

Também devido o profissionalismo da força nigeriana, quando a STTEP chegou ao local, toda a seleção de pessoal já havia finalizado e o treinamento foi imediato, começando do zero em um curto espaço de tempo, a força já estava apta a combater, e os resultados são notáveis.

O treinamento da força tática foi com ênfase na flexibilidade operacional, adaptados para a missão específica da unidade, explorando táticas e técnicas e o conceito de Barlow de Relentless Pursuit (busca incessante). Neste momento o Boko Haram explorava o aumento no ritmo de alcançar sucessor nas suas operações. Assim a missão passou por transição de não apenas treinar uma unidade de resgate, como também uma força capaz de implementar greve móvel, já que o Boko Haram havia conseguido 20 mil quilômetros quadrados de território e crescia constantemente.

III

A tática utilizada é a de contra-insurgência. A intenção nunca é se manter no local, se baseia em uma ofensiva implacável. Na doutrina Barlow são exploradas operações de combate bem sucedidas para manter o calor na batalha. Baseia-se na sincronização de todos os ativos trazidos para o campo de batalha e aplicá-los em várias frentes contra o inimigo, no caso o Boko Haram. Dentre estas táticas está a de busca incessante. Na maioria dos conflitos os guerrilheiros e terroristas utilizam o hit-and-run, e espera-se que a mídia seja um multiplicador.

Das técnicas e táticas de Barlow, incluem:

  • As tropas se alimentam enquanto em movimento;
  • Rastreamento do inimigo em velocidade e em combate;
  • Capacidade de sobrepor e ultrapassar o inimigo por meio de helicóptero;
  • Comunicação;
  • Ênfase na agressão;
  • Manutenção de proficiência em operações noturnas;
  • Superar o inimigo em armamento.
O emprego tático da perseguição implacável move-se constantemente com a infantaria leve em alta velocidade e com quantidade mínima de equipamentos necessários para realizar sua tarefa. Deve-se rastrear o que o inimigo deixou para traz, e os rastreadores têm total conhecimento de pegadas, pneus, qual o peso que o inimigo estava carregando, direção e velocidade que o inimigo está se movendo.

Uma vez que a direção é determinada as tropas podem sobressaltar o inimigo como 'pular carniça', transportados por helicópteros ou andar em veículos blindados. Uma vez que a tropa de rastreadores é cansada é substituída, e o inimigo é perseguido durante o dia e à noite, uma vez que eles também se cansam de fugir de perseguição. Assim identificados são engajadas no alcance efetivo do disparo com RPGs, metralhadoras, rifles de precisão ou morteiros de 60 mm.

A tropa deve desenvolver um nível de agressão a tal ponto que o inimigo passe a ter medo do combate. A STTEP desenvolveu a aplicação da tática para a força de retaliação, a fim de apoiar esta estratégia, porém a destruição do inimigo ficou por conta do comando do exército nigeriano na área de operações. A STTEP também deixou conselheiros e mentores, conhecida como Air Wings, um ativo orgânico da força que recebe ordens. Os pilotos voam numa variedade de missões para reabastecimento, fornecimento de apoio aéreo, transporte de tropas, etc. Por exemplo, neste combate eles criaram bloqueios que impediram o inimigo de escapar da área de operações que estava atuando a força de retaliação, foi com objetivo de isolar a área.

Além disso uma divisão de inteligência foi cedida, fazendo ligação da empresa com o exército nigeriano, mas também se concentra na inteligência do alvo. Assim há coordenação de informações recebidas, descarte de informações, e cria o próprio produto de inteligência para o exército nigeriano agir. 

IV

Como a Executive Outcomes, a STTEP enfrenta um problema sério na mídia, referente à acusações de mercenarismo branco, racismo, em favor do apartheid. Porém Barlow acaba zombando desta acusação da mídia, pois ele mesmo trata o povo africano de maneira igual, apenas os brancos acabam e desvantagem em meio à acusações.

Uma nota, a parte, a EO foi tratada inclusive como contrabandistas, mercenários que buscavam apenas enriquecer no filme Diamantes de Sangue, mostrando que mesmo diante da tal situação, o ocidente trata o mercenarismo na África como prejudicial para os próprios negócios, porém nenhum país ou mesmo a ONU se propôs a por fim no conflito.

Segundo Barlow: "Nos últimos dias do apartheid, uma corrente de brancos sul-Africano ex-soldados procuraram dobrar seu comércio em conflitos no exterior", escreve o The Economist. "Estes soldados da fortuna, com experiência extraídas subjugar a maioria negra, eram uma exportação embaraçoso para os governantes pós-apartheid da África do Sul."

O The Economist sempre faz referência à EO como um grupo de mercenários, exploradores. Barlow mesmo analisa estas acusações: "É irônico que quando o Ocidente usa empresas como a nossa, eles são PMCs. Quando os governos africanos usam uma empresa Africano com um histórico de sucesso em acabar com conflitos e guerras, que são marcados como 'mercenários'. "

A STTEP é uma empresa que tem um código de conduta rigoroso. Através de um contrato boca à boca, o código segue:

  • Comportamento de forma legal, moral e ética;
  • Exercício de honestidade, integridade, diligência em todas as tarefas e responsabilidades;
  • Cumprir todas as leis e regulamentos nacionais, bem como as leis locais;
  • Respeitar todos os costumes, tradições e religiões;
  • Salvaguardar o governo e o cliente com confidencialidade;
  • Nunca comprometer a confiança depositada neles;
  • Abster-se de aceitar ou oferecer quaisquer presentes impróprios, favores ou serviços;
  • Abster-se de qualquer discriminação envolvendo nacionalidade, raça, religião, sexo, idade, orientação sexual ou deficiência.

A verdadeira composição da STTEP é multirracial, com empreiteiros brancos sendo superados pelo número de negros, pois o principal contrato é de sul-africanos e namibianos.

Os EUA oferecem um contingente de forças especiais para ajudar nos assuntos africanos, recentemente usando a AFRICOM para pressionar um potencial cliente a não usar serviços terceirizados. Segundo Barlow alguns governos já estão confiando nos serviços terceirizados e abrindo mão de conselheiros de fora do continente. "A África deve, afinal, começar a tomar controle de seu destino, em vez de ter que depender dos outros." (Barlow, E.).



Mais informações sobre posições, códigos de conduta e políticas no site da STTEP.
Blog pessoal de Eeben Barlow.


Boko Haram
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